sábado, 24 de abril de 2010

Equitação com Fins Terapêuticos - Valência de Hipoterapia

       
        A Equitação com Fins Terapêuticos é uma terapia complementar que utiliza o cavalo como animal co-terapeuta na intervenção com pessoas portadoras de deficiência, sendo uma abordagem que alia os conceitos base da equitação clássica com os fundamentos teóricos da reabilitação, cujos contributos se reflectem a nível cognitivo, motor, relacional e psicossocial.
        A teoria base da Equitação com Fins Terapêuticos é que o movimento pélvico do individuo em cima do cavalo é o mesmo que o movimento pélvico do individuo a andar, causando isto melhorias ao nível orgânico e neuromuscular. O cavaleiro necessita de mover o tronco, os braços, os ombros, as pernas, para manter o equilíbrio, e o cavalo faz com que todos esses movimentos actuem de uma maneira ritmada e progressiva.

        A Equitação com Fins Terapêuticos torna-se assim uma intervenção dinâmica, num ambiente estimulante e descontraído, destinando-se a todos os indivíduos portadores de necessidades especiais, seja qual for a sua idade, desde que não apresentem nenhuma contra-indicação à prática da equitação.

        Nesta abordagem terapêutica o enquadramento nas diferentes valências é realizado tendo em conta os objectivos terapêuticos de cada cavaleiro e a influência que o mesmo tem sobre o cavalo.
        Na Equitação com Fins Terapêuticos existem três valências: a Hipoterapia, a Equitação Terapêutica e a Equitação Desportiva Adaptada, sendo que no nosso projecto iremos focar a Hipoterapia.


O que é a Hipoterapia?

        A valência de Hipoterapia é uma das três valências integradas na Equitação com Fins Terapêuticos. É uma valência muito específica que tem objectivos neuromotores, ou seja, tem objectivos de tratamento motor em termos neurológicos (alterações no sistema nervoso central).
        O profissional que trabalha nesta valência é apenas o terapeuta ocupacional ou o fisioterapeuta, porque são os técnicos de saúde que têm preparação para trabalhar com alterações neurológicas.

        O programa de Hipoterapia é um programa de reabilitação, voltado para as pessoas portadoras de deficiência neuromotora. O paciente/cavaleiro necessita de um guia/líder para conduzir o cavalo e de um ou dois assistentes laterais bem treinados para mantê-lo montado, dando-lhe segurança. A ênfase das acções é dos profissionais da área de saúde precisando, portanto de um fisioterapeuta ou de um terapeuta ocupacional (profissionais com preparação na intervenção neuromotora), a pé ou montado (backriding), para a execução dos exercícios programados.

        A valência de Hipoterapia baseia-se na transmissão dos movimentos do cavalo ao cavaleiro para que estes o influenciem na melhor forma, de modo que ambos (cavalo-cavaleiro) consigam executar vários exercícios.

        O cavalo possui três andamentos: o passo, o trote e o galope.
        O passo é o andamento mais utilizado na valência de Hipoterapia, pois a passo a anca do cavaleiro move-se em todas as direcções (movimento tridimensional).

Tipo de Patologias com Indicação para a Hipoterapia

        Os objectivos da valência de Hipoterapia são neuromotores e como tal destina-se a alterações do foro neurológico, temos como exemplos:
-» Paralisia Cerebral;
-» Espinha Bífida;
-» Esclerose Múltipla;
-» Lesões Verto Medulares;
-» Traumatismos Cranianos;
-» Sequelas de AVC (Acidente Vascular Cerebral);
-» Epilepsia.

Benefícios da Hipoterapia

        Os benefícios desta valência terapêutica são motores.
        Não se anula completamente os problemas associados às patologias referidas anteriormente, mas a valência de Hipoterapia pode auxiliar o paciente/cavaleiro a conseguir utilizar o seu corpo de uma forma mais adequada. Algumas competências conseguem ser adquiridas pelo cavaleiro, outras têm de ser compensadas por competências que não foram “desaprendidas”. Como exemplos de benefícios temos:
-» Aumento do equilíbrio do indivíduo;
-» Rectificação da postura;
-» Maior coordenação de movimentos;
-» Maior controlo da cabeça e tronco;
-» Estimulação de reflexos (Reacções de extensão protectiva);
-» Normalização do tónus muscular.


        Este género de actividade terapêutica consiste em algo diferente da maioria das terapias convencionais, na medida em que o paciente interage e participa no seu próprio tratamento, não se limitando apenas a recebê-lo de forma passiva e estática, o que, por sua vez, poderá ser um aspecto bastante importante no que respeita ao grau de eficácia do processo.
        Os cavalos não possuem as mesmas capacidades, experiência e poder de cura que um médico especializado apresenta. Porém, devido ao seu afecto, amor incondicional e características físicas, o relaxamento e a estabilidade, o aumento da auto-estima e da valorização do próprio cavaleiro poderão surgir após e durante esta interacção.
        O contacto do cavaleiro com o animal, a afectividade e o estabelecimento de uma relação de cumplicidade e amizade entre os dois faz parte da Hipoterapia, proporcionando prazer ao cavaleiro e ao cavalo.

3 comentários:

  1. Isto é tudo lindo, não tivesse eu medo de cavalos. São grandes! Bem que lhes faço festinhas, mas depois de quase ter caído de cima de um...

    Beijinho

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  2. Olá! o meu nome è Lídia, tenho Epilépsia desde os 14 anos, e não tinha nenhuma ideia da ajuda terapeutica que os animais poderiam ter em pessoas com esta e outras doenças do foro neurológico. Gostei muito do vosso blog. Continuação de um bom trabalho.

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  3. Lidia, agradecemos o seu comentário!

    Esperemos a sua doença esteja já controlada.

    Mesmo assim, já pensou em praticar Equitação com Fins Terapêuticos? Ou mesmo Hipoterapia?

    Se calhar iria ser uma boa actividade para si!

    Beijo *

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